O cenário de games no Brasil está em plena evolução. Por mais que muitas vezes não ficamos sabendo, ou mesmo não percebemos, existe alguém ou alguma agência focada no desenvolvimento gráfico, pensando e analisando as tendências que esse mercado tem para oferecer. Já passou a época quando os jogos eletrônicos eram classificados como jogos de azar, condizendo que o foco era unicamente para desocupados, e mais tarde, com o surgimento dos consoles domésticos, para o público jovem.
Mais de 30 anos se passaram desde essa época, e um dos focos da 5ª edição do Seminário de Games, Comunicação e Tecnologia, GamePad, é apresentar as tendências que estão surgindo no mercado, analisar e compartilhar como os estudantes podem aproveitar as oportunidades juntamente com o seu potencial, unindo ideias, conhecimento e dedicação. O evento é realizado anualmente pelo núcleo de coordenadores do Curso Superior de Tecnologia em Desenvolvimento de Jogos Digitais da Universidade Feevale, aqui no Sul do Brasil, e a edição desse ano ocorreu entre os dias 23 e 24 de março, na própria universidade, sendo que estive presente durante todo o evento.
banner principal do evento
A abertura ocorreu por volta das 14 horas do dia 23 (sexta-feira), com um breve discurso dos organizadores, e algumas instruções iniciais. Diferente do ano passado, todo o evento foi centralizado em um único auditório, o que se tornou mais cômodo para os participantes, pois no último ano, foram reservados dois períodos para diversas oficinas, as quais ocorreram em paralelo, e os participantes precisavam definir qual seria a oficina que participariam. Nessa edição, as atividades foram determinadas em palestras, mesa redonda, apresentações de jogos desenvolvidos pelos alunos do curso e apresentações de trabalhos.
Logo após a abertura, recebemos a ilustre presença do norueguês Espen Aarseth, professor e pesquisador da Universidade de Copenhagen, com a demonstração de seu trabalho voltado para a relação da área de jogos digitais com as relações humanas, comentando sobre os paradigmas que existem entre a sociedade e realidade por trás dessa cultura.
apresentação do Espen Aarseth
Em seguida, assistimos uma mostra de trabalhos baseada em teses de doutorado e TCC´s dos envolvidos.
Na sequência após o intervalo, Moacyr Alves (Presidente da ACI Games, idealizador e ativista do Projeto Jogo Justo) contou como está a sua “caminhada” para defender os direitos dos jogadores, frisando que a persistência é uma virtude, e que algumas conquistas já foram atingidas, mas ainda falta muito para chegar ao objetivo principal. Continuando a explanação do amigo Moacyr, Fred Vasconselos, um empreendedor extremamente experiente na área de games, CEO e fundador da Joy Street SA e Chairman da Jynx Playware, contou um pouco sobre a sua experiência e visão de mercado a nível mundial, ressaltando para o potencial que o Brasil oferece na área e a admiração que os estrangeiros tem por nossa cultura, considerando os brasileiros como um povo muito criativo. Fred comentou que a indústria de vídeo games ainda está no início, por mais que já percebemos bons resultados, e por ser considerada “novata” no mercado, ainda falta espaço público para difundir os seus ideais.
Introduzindo a última palestra da noite, a galera da Napalm Studios apresentou seu case de sucesso com o uso de ferramentas livres dentro da empresa, assim como o Blender e o Gimp, também fazendo uma demonstração extraordinária do jogo que está sendo desenvolvido pela própria equipe da empresa, uma criação interna, mas que ainda tem muito para evoluir.
Finalizando a noite, Juliano Alves, colaborador da Intel e empreendedor, demonstrou uma pequena amostra de como ser um empreendedor de sucesso na área de games, com sua palestra “Desafios e oportunidades para os desenvolvedores de games nacionais”. A palestra foi tão interessante que pretendo publicar uma postagem somente com o conteúdo da mesma, portanto aguardem.
No dia 24 (sábado), a manhã foi reservada para a mostra de jogos desenvolvidos pelos alunos do curso de Jogos Digitais. Assistindo todas as apresentações é facilmente possível perceber o potencial da gurizada, considerando que alunos de segundo e terceiro semestre, em pouco mais de um mês de aula, desde o início desse ano, conseguiram desenvolver trabalhos fascinantes em sala de aula.
alunos apresentando seus trabalhos
Abrindo a tarde, recebemos uma apresentação de trabalhos, alguns deles relacionados as teses de mestrado dos próprios professores do curso, e logo em seguida, uma mesa redonda debatendo as questões apresentadas pelos mesmos.
professores debatendo sobre os trabalhos apresentados
Após o intervalo, Arthur Protásio compartilhou conosco uma verdadeira aula sobre direitos autorais, os cuidados que devemos ter, e a realidade que a indústria computacional está sofrendo com essas regras.
Encerrando o evento, Gerson Sousa apresentou sua palestra “O processo de amadurecimento da indústria de games e a relação entre a academia e o mercado de trabalho”, demonstrando a forte relação entre esses pontos e como a indústria pode trabalhar juntamente com o meio acadêmico, unindo esforços para o crescimento do mercado.
Contudo, essa foi uma breve descrição do evento. Participei pela segunda vez consecutiva, por mais que eu não seja um profissional que trabalha diretamente com a área, é fácil concluir que os vídeo games não são mais um artigo de entretenimento, está aí o mercado e a indústria para provar essa situação. Dessa forma, é fundamental que nós profissionais da tecnologia da informação, comunicadores, publicitários e blogueiros da área, permaneçamos antenados ao andamento da maginitude dessa área. Até porque, tudo está interligado por um modelo que transforma a sociedade, a tecnologia.
Leia também a cobertura realizada pelo #GEEKFAIL na edição passada:
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